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É segunda-feira, 8 de Fevereiro. Abre-se a página na Internet do Diário do Amapá e dá-se de caras com a notícia de um crime que comoveu a opinião pública. O julgamento começa amanhã e não se fala de outra coisa. Não é propriamente isto que me interessa, mas leio a história até ao fim. Adiante.
A notícia que procurava está mais abaixo: “Turismo comunitário será atractivo para visitantes da capital do meio do mundo.” A capital do meio do mundo (fica sobre a linha do Equador) é Macapá, cidade maior do Amapá, e prepara-se para pôr em marcha um plano que leve mais turistas ao estado brasileiro onde caberia um Portugal e meio (tem uma área de quase 143 mil km2).
O projecto de turismo comunitário, escreve o Diário do Amapá, visa promover uma maior interacção entre a comunidade local e os cerca de 95 mil visitantes que anualmente aterram no Aeroporto Internacional de Amapá e os 20 mil que aportam de barco. As autoridades estão preocupadas porque muitos abandonam o estado “sem conhecer as particularidades” da cultura do Amapá e as “belezas cénicas” dos seus lugares.
A notícia não é especificamente clara, mas esclarece que “barqueiros, taxistas, artesãos, cozinheiras, garçons e guias de turismo serão estimulados a optimizar o fluxo turístico” e que as comunidades serão preparadas para conduzir “os visitantes pelos trilhos ecológicos, onde aprenderão geografia, meio ambiente, cultura e histórias de cada região”.
A viagem que hoje relatamos na Fugas é anterior ao lançamento deste projecto – mas encaixa perfeitamente no modelo de turismo que as autoridades estaduais e do município de Macapá querem promover. Ao longo de vários dias, Filipe Morato Gomes embrenhou-se na selva amazónica, à boleia de um índio tikuna, e ficou a conhecer algumas das particularidades e das belezas cénicas do Amapá. Mergulhou numa Amazónia desconhecida, em estado virgem, e voltou à tona em casa de uma família ribeirinha que ganha a vida a construir canoas.
Ou seja, não precisou que as autoridades traçassem um plano para descobrir um canto do Brasil tão remoto como é o Amapá. Mas se há este plano, e se ele for sustentado, o mundo tem bons motivos para sorrir.

via Publico


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