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Lugares sagrados para comunidades indígenas do Alto Xingu, em Mato Grosso, poderão ser considerados patrimônio histórico do país. A proposta do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) é que sejam tombados dois lugares sagrados - Sagihengu e Kamukuwaká - onde se realiza o ritual do Quarup, um ritual de homenagem aos mortos ilustres celebrado na região do Xingu por nove etnias. Os dois lugares ficaram fora da demarcação do Parque Indígena e sofrem com desmatamento e erosão.
O Conselho Consultivo do Patrimônio Histórico vai analisar a proposta do Iphan na quinta-feira, no Rio de Janeiro. O pedido ao Iphan para tombamento dos lugares sagrados foi apresentado em 2008 pelas etnias Waurá, Kalapalo e Kamayurá. A intenção era garantir a conservação e o direito de acesso às comunidades indígenas ao local, além de preservar a cultura nos seus aspectos espirituais e religiosos.
Os técnicos do Iphan que trabalharam no inventário e na elaboração do dossiê de tombamento confirmam os riscos para Sagihengu e Kamukuwaká. De acordo com o documento, é necessário garantir a preservação desses espaços que vêm sofrendo com desmatamento, erosão, pesca predatória, manejo inadequado e atividades agropecuárias. Com a redução dos limites originais do Parque, inferiores ao território histórico de ocupação indígena, as nascentes do rio Xingu foram ocupadas por pólos agropecuários. Hoje, o Parque possui aproximadamente 30 mil km² e abriga 14 povos indígenas, espacialmente divididos entre povos do alto, do médio e do baixo Xingu.
Ao longo do trabalho de pesquisa desenvolvido durante quatro anos, o Iphan realizou registros textuais, fotográficos e videográficos para obter uma documentação capaz de refletir o patrimônio estudado, que abrange bens de natureza material e imaterial.
Embora os indígenas do Alto Xingu sejam de etnias diversas, eles formam uma unidade cultural maior, compartilhando mitos, ritos, cerimônias, um sistema de trocas de bens materiais e especialidades artesanais mas, sobretudo, um sentimento comum de identidade e cultural. O Quarup é um deles. Trata-se de uma cerimônia com duração de alguns dias, de homenagem a chefes e lideranças mortos. Os indígenas choram, cantam, rendem homenagens, dançam, tocam seus instrumentos e lutam.
O rito anual estabelece o fim do luto e da tristeza, ao mesmo tempo em que restaura a alegria, a vida, sendo o início de um novo ciclo vital. Acontece sempre no final da estação seca, durante o mês de agosto e, às vezes, em setembro. Ocorre normalmente em uma das aldeias que tiver perdido um parente importante, cuja família consente e promova, então, a cerimônia, tornando-se a "dona" da festa. O dono tem que alimentar os seus convidados. Isto significa que ele deve fazer uma reserva de alimentos para servir a todos os convidados no dia da festa sob pena de sentirem-se ofendidos ou ser mal interpretado como pessoa mesquinha.
Neste ritual, Sagihengu é o lugar onde começa a cerimônia e onde as comunidades indígenas afirmar ter ocorrido o primeiro Quarup. A cerimônia neste local homenageia a vida, apesar de ser uma cerimônia funerária. O outro local sagrado é o abrigo rochoso Kamukuwaká, que fica fora do Parque e tornou-se propriedade particular apesar da sua importância para a comunidade xinguana.
via O Globo
O Conselho Consultivo do Patrimônio Histórico vai analisar a proposta do Iphan na quinta-feira, no Rio de Janeiro. O pedido ao Iphan para tombamento dos lugares sagrados foi apresentado em 2008 pelas etnias Waurá, Kalapalo e Kamayurá. A intenção era garantir a conservação e o direito de acesso às comunidades indígenas ao local, além de preservar a cultura nos seus aspectos espirituais e religiosos.
Os técnicos do Iphan que trabalharam no inventário e na elaboração do dossiê de tombamento confirmam os riscos para Sagihengu e Kamukuwaká. De acordo com o documento, é necessário garantir a preservação desses espaços que vêm sofrendo com desmatamento, erosão, pesca predatória, manejo inadequado e atividades agropecuárias. Com a redução dos limites originais do Parque, inferiores ao território histórico de ocupação indígena, as nascentes do rio Xingu foram ocupadas por pólos agropecuários. Hoje, o Parque possui aproximadamente 30 mil km² e abriga 14 povos indígenas, espacialmente divididos entre povos do alto, do médio e do baixo Xingu.
Ao longo do trabalho de pesquisa desenvolvido durante quatro anos, o Iphan realizou registros textuais, fotográficos e videográficos para obter uma documentação capaz de refletir o patrimônio estudado, que abrange bens de natureza material e imaterial.
Embora os indígenas do Alto Xingu sejam de etnias diversas, eles formam uma unidade cultural maior, compartilhando mitos, ritos, cerimônias, um sistema de trocas de bens materiais e especialidades artesanais mas, sobretudo, um sentimento comum de identidade e cultural. O Quarup é um deles. Trata-se de uma cerimônia com duração de alguns dias, de homenagem a chefes e lideranças mortos. Os indígenas choram, cantam, rendem homenagens, dançam, tocam seus instrumentos e lutam.
O rito anual estabelece o fim do luto e da tristeza, ao mesmo tempo em que restaura a alegria, a vida, sendo o início de um novo ciclo vital. Acontece sempre no final da estação seca, durante o mês de agosto e, às vezes, em setembro. Ocorre normalmente em uma das aldeias que tiver perdido um parente importante, cuja família consente e promova, então, a cerimônia, tornando-se a "dona" da festa. O dono tem que alimentar os seus convidados. Isto significa que ele deve fazer uma reserva de alimentos para servir a todos os convidados no dia da festa sob pena de sentirem-se ofendidos ou ser mal interpretado como pessoa mesquinha.
Neste ritual, Sagihengu é o lugar onde começa a cerimônia e onde as comunidades indígenas afirmar ter ocorrido o primeiro Quarup. A cerimônia neste local homenageia a vida, apesar de ser uma cerimônia funerária. O outro local sagrado é o abrigo rochoso Kamukuwaká, que fica fora do Parque e tornou-se propriedade particular apesar da sua importância para a comunidade xinguana.
via O Globo
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AMC
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19:45
Etiquetas:
Cultura Indígena,
Estudos e Pesquisas,
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Política,
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Terras Índigenas
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