No estudo, publicado na revista científica Emerging Infectious Diseases, os investigadores Sarah Olson e Jonathan Patz avaliaram a incidência da malária em 54 zonas da Amazónia brasileira, combinaram essa informação com a de imagens de satélite de alta resolução das áreas de floresta abatida e chegaram à conclusão de que a limpeza de extensões de floresta tropical aumenta em 50 por cento a incidência de malária nessas mesmas regiões.
"Aparentemente, a desflorestação é um dos factores ecológicos iniciais que desencadeia surtos de malária", explicou Sarah Olson, do Nelson Institute para estudos ambientais, e a principal autora do estudo.
O motivo acaba por ser evidente: de acordo com os dois investigadores, o abate de floresta cria as condições que favorecem a multiplicação e expansão do vector da malária, o mosquito Anopheles. Quando as fêmeas deste mosquito estão infectadas com o parasita Plasmodium, que causa a doença, a sua picada transmite a doença aos seres humanos.
"As zonas desflorestadas, com mais espaços abertos e zonas com extensões de água, que assim recebem mais luz do sol, fornecem o habitat ideal para os mosquitos proliferarem", sublinhou Sarah Olson.
Numa investigação anterior sobre o mosquito transmissor da malária, na região peruana da Amazónia, os dois investigadores já haviam demonstrado a expansão das larvas deste mosquito em zonas aquáticas de habitats sujeitos a desbaste florestal.
"Este novo estudo complementa o anterior", adiantou por seu turno Jonathan Patz, notando que "uma diminuição de quatro por cento na cobertura da floresta está associada a um aumento de 48 por cento de incidência da malária nas 54 zonas agora observadas". O mesmo cientista explicou que os dados relativos à saúde, recolhidos por autores brasileiros, eram de "grande qualidade", bem como as imagens de satélite, que permitiram identificar as zonas de populações com malária. E estas, como verificaram os dois investigadores, eram adjacentes às zonas desflorestadas, ao longo dos braços do rio.
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