Live from Copenhaga 2009
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Na beira do Rio Arapiuns, em Vila Anã, no Pará, a agricultora Maria Odila Godinho, de 58 anos, relembra o sonho comum a muitos jovens das comunidades ribeirinhas da Amazônia: morar na cidade grande. Aos vinte e poucos ela se foi para viver em São Paulo, onde ficou por quase três décadas. Trabalhou como costureira, teve sete filhos, aprendeu muito.
Maria Odila Godinho/agricultora :
" Respeitar o ser humano, pensar, ver, o meu direito termina onde o seu começa. Respeitar a natureza, respeitar os animais. Respeitar tudo o que está ao seu redor. Quando você faz isso, tudo vibra em amor e harmonia para você. Você se sente feliz, como eu me sinto com essa cachorrinha que tá aqui rasgando a minha saia. Em São Paulo tá cada um no seu apartamento, no mesmo prédio, mas ninguém se conhece, não sabe quem são. Aqui eu me sinto gente, aqui eu me sinto íntegra, junto com meus parentes, meus primos, meu cachorrinho, minhas galinhas. Aqui eu me sinto terra, aqui eu posso pegar a terra, eu me sinto parte dela. Aqui eu me sinto água, porque eu tomo banho neste rio Arapiuns.à natureza todinha, no Aqui eu me integro à natureza, aqui eu sou mulher natureza, água, terra, fogo, floresta".
Desde que voltou para o Pará, Maria Odila estuda técnicas agrícolas, para multiplicar conhecimentos.
Maria Odila Godinho/agricultora :
P:A senhora tá fazendo uma experiência que é rara na região, que é o cultivo de mandioca em fogo. Como é isso?
"Nós temos o rótulo que o agricultor na Amazônia é que desmata a Amazônia e isso não é verdade. Do desmatamento que existe na Amâzônia, só 20% nós que fazemos. 80% são os criadores de gado e plantadores de grãos. É uma proposta que o nosso povo não conhece, tá conhecendo agora. Então eu peguei esse pedacinho de terra para plantar a Macaxeira, para ver como ela se comporta. Porque isso não é costume. Nosso costume é realmente queimar para dar mais batatas".
E o que uma legítima ribeirinha pensa que deve ser feito para manter a floresta em pé?
Maria Odila Godinho/agricultora :
" O incentivo para plantar soja é muito grande. Se tirassem esse incentivo e dessem para agricultura familiar com certeza a floresta se manteria de pé. Apoiar no agroextrativismo, porque nós temos potenciais, agora que estão falando em trabalhar a nossa Andiroba, a nossa Copaíba, porque nós temos tudo isso em abundância. Mas não tem preço, não tem valor. Se tivéssemos uma políutica pública voltada para isso, por exemplo, na comunidade de Anã tem o mel, que nos ajudasse a colocar ese mel em São Paulo, por exemplo, onde é valorizado. E se tirassem também esses madeireiros daqui, que esse são os inimigos da floresta e nossos, porque se morre a floresta isso vai nos matando também".
Autor:
Editora-Chefe:Vera Diegoli. Pauta:Paula Piccin.
Reportagem: Cláudia Tavares.
Edição de Texto:Camila Doretto.
Imagens: Edgar Luchetta.
Operador de Áudio:Ailton Alves.
Produtor:Maurício Lima.
Edição de Imagens: João Kralik.
via Repórter Eco
Publicada por
AMC
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19:18
Etiquetas:
Cultura Amazónica,
Ocupação da Amazónia,
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