13/01/2009
BRASÍLIA (Reuters), 13 de janeiro - O suicídio entre os indígenas brasileiros cresceu no ano passado, por causa da piora nas condições de vida, e ocorreram menos assassinatos por questões fundiárias, disse o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) nesta terça-feira.
Em 2008, 34 índios da etnia guarani kaiowá do Mato Grosso do Sul cometeram suicídio, aumento de 50 por cento em relação ao ano anterior, de acordo com o relatório do Cimi.
"São cifras assustadoras. Mais gente, sem perspectiva alguma de vida ou futuro, cometeu suicídio", disse à Reuters o vice-presidente do Cimi, Roberto Liebgott.
A Funai estima que haja cerca de 1 milhão de índios vivendo em cidades ou reservas. Na década de 1970, a população indígena chegou a 200 mil indivíduos.
Enquanto na Amazônia há grupos vivendo em enormes reservas, no Mato Grosso do Sul as condições se assemelham mais a guetos. Os guaranis se empenham em preservar seu estilo de vida tradicional, mas sem abrir mão da educação, dos empregos e dos hospitais, resultado da sua integração à sociedade moderna. ONGs do setor dizem que vários índios acabam vítimas das drogas e da prostituição.
Muitas tribos enfrentam problemas com a invasão de suas terras. Porém, o número de índios assassinados caiu dos 92 de 2007 para 53 em 2008, segundo dados preliminares.
Para Liebgott, tal redução é circunstancial e não aponta uma tendência, já que "os conflitos violentos relativos à terra continuam".
Em 2008, por exemplo, houve intensos confrontos entre índios e agricultores por causa da demarcação da reserva Raposa Serra do Sol (RR). O Supremo Tribunal Federal decide nas próximas semanas sobre o futuro da reserva.
O governo Lula promete demarcar mais terras indígenas, mas enfrenta lobbies poderosos. Nos últimos anos, houve um aumento acentuado nas reivindicações fundiárias dos índios por terras ancestrais, ocupadas por fazendeiros.
Em alguns casos, os proprietários contratam pistoleiros para matar os índios. Há também casos de homicídios entre índios, por causa de drogas, terras ou brigas domésticas.
"Se o governo não tomar medidas mais decididas para resolver este problema, teremos um verdadeiro desastre nas nossas mãos", disse Liebgott.
reportagem de Raymond Colitt / Reuters
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